terça-feira, 5 de junho de 2007

Carta a Aischylos

II

As pessoas sonham...eu tenho somente pesadelos। Há sete dias que a minha irmã partiu e, quando vou me deitar, também me recordo daquele semblante forte, sincero e confiável; mas... a dor que tu sentes é diferente da minha. Éramos ligados ao estremo- como num pacto a ser honrado. Éramos unidos até a alma. A causa de ela ter partido deriva de um cancro que a corroia silenciosamente até levá-la ao óbito. Ela era portadora de um câncer maligno. Meu estimado amigo, como já te disse uma vez: A morte não é o fim e sim uma passagem. Não guarde em teu peito o escárnio, pois, se a ama, entenda que ela se envergonharia de ti neste estado. Lohraine nunca se intimidou com os pensamentos submissos, ela era incapaz de suportar qualquer fraqueza. Eu sei que a falta está em cena neste exato momento, mas nem por isto devemos tornar de nossas vidas um martírio. Não deves te culpar por não teres concretizado a tua paixão. Ela também te amava, e eu estava feliz por isto. Materializá-la ou torná-la um elemental, é torturar-lhe o ser. Não concordo com as tuas viagens transcendentais para abafar tudo que te aflige. Deixa-a livre, pois uma nova vida a espera. O lado bom disto tudo, é que ela te devolveu a inspiração que há muito tempo havias perdido. Sou a favor de materializá-la nos versos, somente. Acredito no teu sentimento, pois sei que jamais mentirias para mim. Deves estar achando o meu discurso bastante frio, se estiveres, tens toda a razão. Semelhante a ti, também não fui agraciado com a sorte no amor- até hoje não me esqueço da minha grande paixão... Charlotte! Portanto aqui estou, ganhando a vida amando todas ao mesmo tempo a fim de esquecê-la mais rápido. Estou voltando para Paris na próxima semana, uma cliente me espera por lá. Ainda façoII os meus trabalhos de arquitetura... mas, para um homem vaidoso como eu, é impossível quitar todas as minhas dividas com estes. Preciso te ver Aischylos, pois tenho algo para te entregar. Algo que agora não mais me pertence e sim a ti. Tu, amigo, seria o único cunhado que eu aceitaria ter.

Um comentário:

dedeca disse...

iii to vendo que não chegarei nem aos pés desses escritores de tão bons...adorei os textos, curiosidades mil com o decorrer da história... bjinhos prôces...